Além de um dos melhores técnicos do mundo e elenco estrelado, time inglês conta com um doutor em física teórica na equipe
Usando o conhecimento matemático de Graham, a
equipe inglesa pôde encontrar novos talentos e oportunidades dentro e fora de
campo. Um bom exemplo foi a aquisição do volante Naby Keïta, um dos principais
jogadores do time na temporada. O jogador da Guiné foi encontrado no campeonato
austríaco, após se destacar em diversos cruzamentos da base de Graham. Agora,
está entre os mais valorizados da temporada europeia.
A história, contada pelo New York Times, começa em 2015, quando o técnico alemão
Jürgen Klopp foi contratado pelo clube inglês. Três semanas depois de chegar ao
time, Klopp se encontrou com Ian Graham, que ocupava o cargo de diretor de
pesquisa dentro do Liverpool. Na primeira reunião, Graham apresentou uma série
de dados do Borussia Dortmund, clube alemão treinado por Klopp até sua
contratação pelo Liverpool. Jogo por jogo, Graham mostrou ao técnico um olhar
alternativo sobre as estatísticas. Em um desses exemplos, apresentou uma
partida em que o Borussia perdeu por dois a zero, mesmo a dominando o jogo do
início ao fim.
“Você assistiu ao jogo? Nós acabamos com eles e
perdemos. Não acredito que você assistiu ao jogo!”, disse Klopp para Graham, conta o New York Times. O que ele não imaginava é
que Graham, de fato, não havia assistido à partida. Pelo contrário, o seu único
interesse naquela campanha era nos números do Borussia – e foi exatamente por
conta deles que o Liverpool foi atrás do treinador. Os números colhidos sobre
Klopp mostravam que o seu estilo de futebol casava com a proposta que o
Liverpool queria impor no novo time. Com isso, convenceu os diretores do clube
a ir atrás do treinador alemão. No fim da reunião com Graham, Klopp viu uma
oportunidade inédita com o uso dos dados e transformou o diretor em um tipo de
braço direito.
Graham é doutor em física teórica pela Universidade
de Cambridge. O diretor se especializou na análise de dados de jogadores, para
possíveis contratações. Graham conta com uma base de dados de mais de 100 mil
jogadores espalhados pelo mundo. Os que se destacam são recomendados ao setor
comercial, que tenta contratar os atletas, como o volante Keita.
Atraso futebolístico
Enquanto esportes como baseball e basquete usam estatísticas há anos para melhorar a eficiência dos times (o filme Moneyball - O Homem que Mudou o Jogo, com Brad Pitt, mostra o revolucionário uso de dados no baseball). Até pouco, os únicos dados relevantes para o futebol eram o time vitorioso e os jogadores responsáveis pelos gols. Agora, posse de bola, número de passes errados e certos, número de tentativas de ataque, velocidade de reação para determinadas situações, e um sem-número de dados fazem toda a diferença para a gestão técnica de um clube de futebol.
Enquanto esportes como baseball e basquete usam estatísticas há anos para melhorar a eficiência dos times (o filme Moneyball - O Homem que Mudou o Jogo, com Brad Pitt, mostra o revolucionário uso de dados no baseball). Até pouco, os únicos dados relevantes para o futebol eram o time vitorioso e os jogadores responsáveis pelos gols. Agora, posse de bola, número de passes errados e certos, número de tentativas de ataque, velocidade de reação para determinadas situações, e um sem-número de dados fazem toda a diferença para a gestão técnica de um clube de futebol.
O Liverpool, por exemplo, incorpora a análise de
dados em cada decisão tomada, de negócios a tática. O limite, entretanto, é
saber levar isso para o grupo de jogadores de uma maneira mais “mastigada”. É
aí que entra o trabalho em conjunto de Graham e Klopp. É o treinador quem
decide quais interações e insights vai passar ao grupo. Em sua
maioria, dados e números ficam “velados” dentro das instruções do técnico. “Nós
sabemos que alguém passou horas estudando aquele conteúdo, mas o treinador não
enche a gente com estatísticas e análises. Ele só nos diz o que fazer”, diz o meio-campista inglês Alex
Oxlade-Chamberlain, jogador do Liverpool.
Em um exemplo básico, Graham mostrou ao técnico
alemão que o lado direito do ataque do Liverpool fazia mais gols com
cruzamentos na área do que o esquerdo, consequentemente mudando a forma como
Klopp via seu time. Outro exemplo bem prático foi a contratação do atacante
egípcio Mohamed Salah, que vinha de uma grande temporada no time
italiano da Roma, mas contava com uma experiência malsucedida no Chelsea, da
Inglaterra.
Graham, ao contrário de muitos, sempre gostou da
passagem de Salah pelo clube inglês. “Houve essa ideia de que o jogador foi mal
na Inglaterra. Meus números mostravam o contrário”, diz. Sua insistência fez
com que o Liverpool realizasse uma proposta para o jogador em 2017. Além da
análise, Graham também cruzou suas habilidades com a de outros jogadores do
elenco do time, como o brasileiro Roberto Firmino. Deu muito certo:
na temporada passada, Salah fez 32 gols, quebrando recordes no campeonato
inglês. Juntos, formam uma das melhores duplas de ataque do futebol mundial.
Apesar de tudo isso, o Liverpool ainda não venceu
títulos sob a gestão de Klopp – o que aumenta a pressão do uso de tecnologia
e big data no mundo do futebol. Qual é o limite dessa
parceria? Talvez a resposta esteja no jogo de hoje, quando o time inglês encara
a grande final da Champions League, com craques e dados a seu favor.
FONTE: ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE
FONTE: ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE
DATA: 01/06/2019
LINK DA MATÉRIA: https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2019/06/como-o-liverpool-usou-dados-e-tecnologia-para-chegar-final-da-champions-league.html
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